SOBRE BALEIA
Começamos como um projeto de mapeamento, publicação e premiação de mulheres artistas visuais no DF e Entorno. Propusemos quatro seletivas públicas e gratuitas ao longo de 2020/2021 - graças a recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF. Em cada ciclo, uma curadora definiu um tema e selecionou, a partir das inscrições, 20 trabalhos que foram publicados em formato de zine. Houve também votações populares entre esses trabalhos e cada uma das 4 ganhadoras recebeu um prêmio em dinheiro.
A primeira seletiva propôs o tema O Tempo Circular, sugestão da curadora Cinara Barbosa, para que as artistas pudessem mostrar como habitaram o cotidiano naquele momento inicial da pandemia. Em Heranças Deslembradas, da curadora Luisa Günther, nossa segunda convocatória, convidamos as artistas a olharem para suas memórias. Na terceira seletiva, Diante do Espelho, da curadora Raquel Pellicano, foi tempo de olhar para si. Para o tema da quarta e última edição, Futuros Possíveis, proposto pela curadora Camila Soato, foi tempo de olhar para frente, começar onde está, usando o que tem, sendo quem é.
Ao todo, foram mais de 380 inscrições, 500 cópias de cada edição da publicação distribuídas e mais de 9.300 votos na fase de votação popular dos quatro ciclos. Através das votações e das redes sociais, mobilizamos mais de 15 mil pessoas ao redor da arte produzida por mulheres, contribuindo, assim, para a formação de público para as artes visuais do DF.
Em 2022, voltamos para consolidar essa história numa publicação: um livro-memória do que foram esses ciclos da BALEIA, as zines completas, as artistas participantes, a fala das curadoras e das artistas vencedoras, registros e imagens de todo esse processo.
A partir dos resultados e desdobramentos do projeto inicial, criamos uma rede de artistas, lugar de trocas e conexões profissionais. Foi lá que notamos a necessidade das artistas de gerir suas profissões no âmbito financeiro e burocrático e se consolidar no mercado da arte, seja tradicional ou independente. Por isso, em 2023, anunciamos a terceira edição do BALEIA: sete rodas de conversa voltadas para a profissionalização de mulheres artistas visuais do DF e Entorno. Acreditamos que as transformações decorrentes da vivência artístico-cultural são capazes de contribuir para o desenvolvimento de relações mais justas nos campos político, social, econômico e inclusive afetivo.
Queremos contribuir para a construção de um cenário mais humano, diverso, propício à criatividade e ao desenvolvimento social. Estamos vivendo crises simultâneas e este projeto foi pensado à luz desse momento de persistência da desigualdade de gênero frente ao empoderamento das mulheres e da necessidade urgente de afirmar seus lugares como artistas profissionais. Juntas estamos construindo nossos futuros. Ouçam, leiam e observem o que essas mulheres têm a dizer!
PORQUE BALEIA?
O nome Baleia foi escolhido por ser uma apropriação e ressignificação de um termo utilizado diversas vezes de modo pejorativo sobre uma mulher que foge dos padrões estéticos hegemônicos. A palavra que deveria humilhar, na verdade, deve ser motivo de orgulho. Baleia é quase um hibridismo animal: parece peixe mas é o maior mamífero do mundo; mergulha profundezas, suporta horas sem ar, encara correntezas e depois emerge plena à superfície, de alma lavada. São baleias que parecem calmas e inofensivas, mas podem ser letais se ignoradas em sua força. Baleias são lúdicas e potentes, quase seres mágicos. São gigantes e lindas. Outro nome melhor não há.